segunda-feira, 18 de abril de 2011

Imagem negativa da velhice

Sou da mesma opinião que o conceito da velhice é, assim, uma construção social realizada em um contexto cultural e histórico específico. A velhice, então, se situaria no mesmo patamar da infância e da adolescência, de igual modo construções sociais dependentes de parâmetros socioculturais específicos em diferentes sociedades.

Se verificarmos há pouco tempo atrás a preocupação com a infância e a adolescência promoveu avanços significativos em relação tanto a redução da mortalidade infantil, quanto da violência. Não se tinha uma preocupação tão expressiva como a que se tem hoje, o próprio estado era omisso em relação tanto a mortalidade como a violência, principalmente de crianças menores. Indubitavelmente o fator econômico por sermos uma sociedade consumista favoreceu essa preocupação. Como a população era preponderantemente de jovens, houve o incentivo a esse debate, inclusive no meio publicitário sempre foi dito que comercial com crianças vendia mais. Já a questão do idoso foi relevado a segundo plano.

Toda concentração de esforços foi nesse sentido, o bom é o jovem, o investimento publicitário, os modelos utilizados eram todos idealizados em cima desse público. E as políticas públicas também seguiram nesse sentido. Existe toda uma preocupação em cima do atendimento das necessidades de crianças e adolescentes, porque sabem que qualquer ação ou omissão perversa será imediatamente combatida pela rede de proteção implantada. Ocorre que em relação ao Idoso isso ainda não foi feito, permanece essa construção do ultrapassado, fora de uso, desnecessário, etc... Não foram criadas ainda essa consciência da importância que a colaboração do idoso tem para o desenvolvimento de uma nação.

Acho que já está mais do que na hora de o pais acordar, enquanto há tempo, para a realidade. Está ocorrendo recém a primeira fase que é mais aquela velha história de combater as conseqüências do descaso, do abandono, ao invés de combater as suas causas. Construção de alguns asilos públicos, quando muito, apenas para abrigar os que tenham sido abandonados. Multiplicam-se os abrigos privados, sem fiscalização efetiva das condições, que servem apenas para abocanharem os míseros trocados das aposentadorias. Só não existem mais idosos abandonados justamente por isso, a aposentadoria dos mesmos que acabam sendo o sustento de muitas famílias que por isso mesmo os mantém na casa, também sendo explorados.

O Brasil tem que acordar para essa realidade enquanto há tempo, para evitar o que está ocorrendo com os países desenvolvidos, a exemplo do Canadá, que está realizando feiras no Brasil para atrair principalmente profissionais qualificados e com família com filhos, para irem trabalhar e fixar residência lá, pois o pais envelheceu e se descuidou do seu equilíbrio populacional. Quer dizer para resolverem o problema deles querem aumentar o nosso.

Praticamente todos os países que assumiram essa postura se deram mal. Simplesmente copiar modelos e aplicá-los sem levar em conta as características especificas da população quase sempre não acaba bem. A china tentou o controle de natalidade, hoje enfrenta sérios problemas de violência, devido à grande diferença no número de homens em relação a mulheres, pois como a cultura valoriza o filho homem em detrimento da filha mulher e cada casal só pode ter um filho, as filhas mulheres “acabavam não nascendo”. Esse controle de natalidade em vários países que tentam implantar, e que o Brasil parece ter copiado, ocorre o reverso do que o pretendido tentam incentivar a ter menos filhos para diminuir as despesas com as famílias pobres, porém o controle só da certo nas famílias de classe média e alta, que teriam justamente as condições de manter filhos. A redução efetivamente até pode ocorrer, mais em grau bem menor nas famílias humildes. Enquanto nas mais abastadas ela é bem mais significativa. E é ai que se acelera ainda mais o envelhecimento da população do pais a ponto de ele ter que apelar para a imigração. Esse é um dos grandes problemas que pode ocorrer no Brasil, o governo não consegue dar a educação e a qualificação para a classe humilde e a classe média e alta que poderiam investir em educação dos jovens tem poucos filhos. Ocorre que o pais necessita de Técnicos qualificados e a população de classe humilde não consegue se qualificar.

Para suprir essa falta ele poderia contar justamente com a qualificação do idoso, no entanto esse idoso está relevado a segundo plano.

Acho sim, que se o pais acordar e começar a valorizar, criar uma rede de proteção efetiva, com políticas públicas mais efetivas, com isso o próprio mercado ira acordar, pois ira se dar conta disso que o idoso tem um valor comercial, que está se tornando maioria, e alavancar a valorização da importância do idoso e a rede de proteção será mais efetiva.

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